domingo, 9 de dezembro de 2012

Vidraça
Daquela vidraça eu olho a rua
Vejo toda a gente que passa
E em meus sonhos te vejo nua
Vejo o amor passar pela vida
Vejo uma avenida e uma rua sem saída
Vejo um muro escrito amor
Alguém deixou um recado pra outro alguém
Pra aliviar a saudade e a dor
Daquela vidra eu vejo uma lua inteira no céu
Eu vejo pessoas correndo sem direção
E escrevo um poema num papel
Eu vejo o sol nascer radiante
Anunciando mais um dia um novo instante
Eu vejo a chuva que cai
Carros que correm desesperados
Eu vejo crianças e amigos
Andando abraçados
Daquela vidraça o mundo corre e a vida passa
Num canto qualquer eu deixo um sorriso sem graça
Eu sinto o vento que é o mesmo que toca os seus cabelos
Quando distraidamente sem me notar na janela você outro alguém abraça
Eu vejo a correria do mundo
Também um olhar que me encanta e penetra profundo
Vejo um casal se beijando e prometendo um futuro
Mesmo sem saber que esse é um caminho escuro
Eu vejo também o mar e um farol
Mas não avisto o meu porto seguro
Daquela vidraça eu vejo tudo que eu quiser
Eu vejo um homem esperando por uma mulher
Pra lhe prometer um paraíso qualquer
E que no final de tudo não é nada mais do que a sorte
De um insignificante instante qualquer
Eu vejo também o que eu não queria ver
Eu vejo a vida escorrendo nas mãos como a chuva na calçada
Eu vejo o tempo passando tão rápido
E eu não me importando com nada
Daquela vidraça que um dia embaçou
De onde você com os lábios desenhou
Contornos de amor e desamor
Da maldade que cerca a cidade
De quando no alto do infinito meu mundo desabou
E mesmo assim com tudo no chão
Ainda vejo da mesma vidraça pedaços do meu coração
Que ficaram espalhados e invisíveis à multidão
Tudo isso eu vejo daquela vidraça
E o que eu não vejo é porque por ali definitivamente não passa.

By Everson Russo
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